Como é a vida da criança com microcefalia.
Por Dra. Beatriz Beltrame (Pediatra)
Quando a criança tem microcefalia pode apresentar atraso mental,
alterações físicas como dificuldade para andar, problemas de fala e
hiperatividade ou convulsões, por exemplo. Além disso, a criança tem uma cabeça
menor do que o normal, podendo precisar de ajuda para comer, tomar banho ou
andar, por exemplo.
Porém, estas consequências da doença não surgem em todos os casos e,
algumas crianças podem se desenvolver normalmente e ter uma inteligência normal
porque isso depende da gravidade da sua microcefalia. Assim, as crianças que
foram diagnosticadas ainda na gestação geralmente são as que tem mais
limitações, enquanto que as crianças que foram diagnosticadas com microcefalia
após o nascimento tem maiores possibilidade de se desenvolverem melhor.
A microcefalia não tem cura e o tratamento inclui sessões
de fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional pelo menos 3 vezes por
semana para estimular a criança, diminuir o retardo mental e também o atraso do
desenvolvimento crescimento.
Como tratar a
microcefalia
O tratamento da microcefalia deve ser orientado pelo pediatra e
neurologista, porém é necessário a intervenção de enfermeiros, fisioterapeutas
e outros terapeutas para ajudar a criança a se desenvolver com o mínimo de
limitações possível e, para melhorar a qualidade de vida da criança, pode-se:
1. Estimular a fala
Para melhorar a capacidade para falar a criança deve ter acompanhamento
de um fonoaudiólogo pelo menos 3 vezes por semana.
Além disso, os pais devem cantar com a criança pequenas músicas e falar
com ela olhando nos olhos durante todo o dia, mesmo que ela não responda ao
estímulo. Também deve-se usar gestos para facilitar o entendimento do que está
dizendo e captar melhor a atenção da criança.
2. Fazer
fisioterapia
Para melhorar o desenvolvimento motor, aumentar o equilíbrio e evitar
atrofia dos músculos e os espasmos musculares é importante fazer o máximo de
sessões de fisioterapia possível, pelo menos 3 vezes por semana, realizando
exercícios simples com bola de Pilates, alongamentos, sessões de
psicomotricidade e hidroterapia podem ser úteis.
A fisioterapia é indicada porque pode ter resultados no desenvolvimento
físico da criança, mas também ajuda no desenvolvimento mental.
3. Realizar terapia
ocupacional
Para aumentar a autonomia a criança deve realizar terapia ocupacional
várias vezes por semana, pois a realização de atividades, como escovar os
dentes e tentar comer utilizando talheres, ajudam a criança a ficar cada vez
mais independente, podendo realizar tarefas sozinho.
Para melhorar a capacidade de socialização deve-se avaliar a
possibilidade de manter a criança em uma escola normal para que possa interagir
com outras crianças que não possuem microcefalia, podendo participar de jogos e
brincadeiras que promovem a interação social. No entanto, se houver retardo
mental a criança provavelmente não irá aprender a ler e a escrever, embora
possa ir para a escola para ter contato com outras crianças.
Em casa, os pais devem estimular a criança o máximo possível, fazendo
brincadeiras de frente para o espelho, estando do lado da criança e participar
sempre que possível em reuniões de família e amigos para tentar manter o
cérebro da criança sempre ativo.
4. Tomar remédios
A criança com microcefalia pode precisar tomar medicamentos indicados
pelo médico segundo os sintomas que apresenta, como anticonvulsivante para
reduzir as convulsões ou para tratar a hiperatividade, como Diazepam ou
Ritalina, além de analgésicos, como Paracetamol, para diminuir a dor nos
músculos, devido a tensão excessiva.
5. Fazer cirurgia
na cabeça
Em alguns casos, pode-se realizar uma cirurgia sendo feito um corte na
cabeça para permitir o crescimento do cérebro, reduzindo as sequelas da doença.
Porém, esta cirurgia para ter resultado deve ser feita até aos 2 meses do bebê
e não é indicada para todos os casos, somente quando podem existir muitos
benefícios e poucos riscos associados.
Como é o bebê que
nasce com microcefalia
O bebê que nasce com microcefalia precisa de acompanhamento médico
frequente e normalmente precisa de cuidados especiais, sendo necessário um
maior cuidado, atenção e dedicação dos pais e de toda família.
Dependendo do grau e do tipo de microcefalia que o bebê possui, mais
graves serão as consequências da doença e as suas implicações na saúde. Assim,
os bebês que nascem com uma cabeça muito menor do que devia tem maiores
dificuldades e podem ser completamente dependente dos outros para sobreviver.
Já os bebês que tem uma cabeça pequena, mas com um tamanho mais próximo
das outras crianças com a mesma idade, tem uma melhor qualidade de vida e
apesar de poder haver atraso no desenvolvimento, a criança pode aprender a
sentar sozinha, falar algumas palavras, demonstrar amor e carinho e até mesmo
andar.
Alguns conseguem controlar o xixi e o côco, mas muitas precisam usar
fraldas adequadas à sua idade por toda a vida. Grande parte precisa de ajuda
para caminhar porque precisam se apoiar em alguém para não perder o equilíbrio
e também precisam de ajuda para tomar banho, porque tem dificuldade de cuidar
da sua própria higiene sozinho.
Consequências da
microcefalia
Embora, a maioria das crianças com microcefalia tenham atraso metal,
algumas mantêm a capacidade cognitiva sem grandes alterações, aprendendo a
andar, escrever e ler, por exemplo.
No entanto, os danos da microcefalia não são iguais em todas as crianças
e variam com as sequelas que apresentam, e por isso algumas crianças não
conseguem comer sozinhas, nem tomar banho e, por isso, podem precisar de ajuda
da família para fazer as tarefas cotidianas.
As meninas com microcefalia podem ter menstruação, e como todas as
outras pessoas podem ficar doentes em algum momento da vida, necessitando de
mais cuidados. A vacinação, normalmente, pode ocorrer normalmente mas depende
da opinião do pediatra e das limitações que a doença causa.
Tempo de vida em
caso de microcefalia
A expectativa de vida das crianças com microcefalia é semelhante à das
outras crianças que não possuem a doença, mas vai depender de vários fatores
que incluem a gravidade da doença, se existem outras síndromes associadas e da
forma como a criança é acompanhada e tratada.
Dessa forma, as crianças que possuem somente microcefalia e que recebem
todo o tratamento necessário sempre que apresentarem doenças como gripe,
dengue, infecção urinária ou outras, e que são estimuladas a andar e a se
alimentar sozinhas tem maiores chances de chegar à vida adulta, embora seja
sempre necessário alguém por perto para cuidar delas e de sua segurança.
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